Resumen
Este artigo analisa o conceito de “lugar de fala”, seu uso no contexto contemporâneo e suas implicações para a liberdade de expressão, com foco em como esse conceito pode ser empregado de maneira excludente, gerando novas formas de censura. O objetivo é refletir sobre as dissociações entre o uso popular da expressão e suas fundações teóricas, explorando o impacto dessas distorções na efetividade do direito à livre manifestação. A metodologia adotada é de revisão literária, resgatando diferentes tradições filosóficas a fim de se pensar uma epistemologia do conceito de “lugar de fala”, propondo dois sentidos para o conceito: um jurídico-político, que busca ampliar a voz de grupos historicamente silenciados, e outro “egotópico”, que restringe a expressão a determinados sujeitos. O estudo ilustra essas questões por meio do caso da historiadora Lilia Schwarcz, que enfrentou ataques após publicar um texto sobre a cantora Beyoncé. A análise conclui que o uso apropriado da expressão “lugar de fala” deve ser um meio de inclusão e ampliação de vozes marginalizadas, enquanto seu uso indevido pode resultar em novas formas de censura (pós-censura, ou censura indireta), prejudicando a liberdade de expressão e o direito de manifestação crítica.
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